mais do mesmo....
Setembro. Início do ano lectivo, e todos os anos mais do mesmo...
Pouco fica por dizer acerca das praxes académicas, a quem quiser perder (perder-literalmente) 5 minutos a olhar para o triste espectáculo que se vai desenrolando por essas academias fora, e Leiria não é excepção...
Estou a falar das universidades e institutos politécnicos onde supostamente o futuro deste país devia estar em construção. Face ao miserável investimento da indústria e das empresas em geral na Investigação e Desenvolvimento - de novas tecnologias, novas metodologias, novos processos - é hoje inevitável que recaia sobre estas instituições de ensino a responsabilidade de estar à frente do país na inovação e no desenvolvimento.
Ridículo, não é? Releio o parágrafo anterior e não retiro uma palavra, mas custa-me a encaixar ao lado do texto a imagem de um bando de putos a espernearem no chão, de cara pintada e a berrar pela clemência de uns quantos prepotentes vestidos como o batman....
A propósito, lia no outro dia um artigo no Notícias de Leiria:
Os "doutores" têm a função de ajudar e integrar os caloiros, ou "as bestas" como lhes chamam".
Whoa! "ajudar e integrar as bestas" ?! Alguma coisa me escapou... Será que alguém capaz de organizar os seus conhecimentos para, no mínimo, tirar um 9,5 numa prova de Matemática ou Português ou História ou seja o que for, não consegue perceber aqui a contradição?
Como é possível não ver que há aqui um claro abuso de poder? São estas pessoas que eventualmente vão estar a liderar outros trabalhadores no dia-a-dia laboral e provavelmente a atitude será a mesma. Será, não... a atitude É a mesma! Mas não esqueçamos que estamos a falar de um ciclo vicioso e que os mesmos "doutores" foram outrora as "bestas" em processo de integração. É isto então uma questão de tradição? É melhor não ir por aí, ou vamos entrar numa discussão do género "toiros de morte"...
De facto as coisas não são tão simples porque os próprios caloiros (na sua maioria) aceitam a praxe como um dado adquirido e uma realidade necessária para a "integração". Do mesmo artigo, a opinião de umas quantas "bestas":
(...) as pessoas que são anti-praxe só têm a perder, porque faz parte do espírito, visto que vir para a Universidade não é só estudar, mas também divertir.
Aqui parece haver algum tipo de acordo, já que, dizem os "doutores":
O que fazemos é dar ao caloiro uma melhor integração ao espírito académico, e para isso realizamos um arraial, um rally das tascas e a volta a Portugal, que se define como um peddy paper.
Então é esse o espírito académico!? Posto nesta perspectiva as coisas começam a fazer algum sentido... Ou não!!!
Custa-me um bocado a crer que alguém realmente disposto a sair para beber umas quantas cervejas, ainda que numa cidade praticamente desconhecida, não o faça por falta de "integração". Também me custa a crer que um puto com a cara cheia de batôn, como que a dizer "hey, olhem para mim, 'tou completamente à toa e sou um perfeito alvo de chacota !" se sinta integrado seja no que for. Mas se calhar é o meu conceito de espírito académico que difere da maioria destas pessoas... Irreverência, contestação, progresso parecem-me enquadrar-se mais no que os caloiros poderiam (deveriam?) ter à sua espera.
Se calhar o problema é esse. O espírito académico que as praxes fomentam é confortável e até desejável pelas próprias instituições. Ainda no mesmo artigo de jornal, diz a Prof. Dra. Graça Fonseca, presidente do Conselho Directivo da ESEL:
Por isso a praxe deve existir, mas sem excessos.
O "por isso" desta frase, no contexto do artigo, refere-se à tão aclamada "integração" - propósito fundamental de todos estes processos... Os excessos são, obviamente, de evitar. Humilhação, prepotência e desrespeito ainda vá que não vá, desde que ninguém se aleije... pelo menos que se saiba!
A tal integração aparentemente deve ser o maior problema com que os estudantes de primeiro ano se debatem, a julgar pela quantidade de vezes que é usada como argumento para justificar os mais diverso fins. Esqueçamos a falta de condições das instituições, o desinteresse dos professores, o desinteresse dos alunos, a insuficiência dos apoios sociais, a desregulação na atribuição dos apoios sociais, a desadequação dos conteúdos programáticos, a duração efectiva da frequência dos cursos, a taxa de abandono, a falta de conhecimentos-base, a desarticulação com o mercado de trabalho, etc, etc, etc.
VIVA A INTEGRAÇÃO! VIVAM AS PRAXES!
1 comentário:
ya!
e q merda (maior) de futuro tem a nação pela frente, qd os mais jovens se agrupam literalmente em rebanhos ordenados, orgulhosos por pastar num tão vasto prado de conformismo e mediocridade, onde outrora, a gerações com maior predisposição para mudar o mundo, dava era vontade de ir cagar!
orgulho-me de lá ter cagado, e de ter visto algumas das ovelhas alambazar-se com as minhas fezes. }:>
up the spite bro!
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