(sad) reality tv
Ao ligar a televisão, nos dias que correm, tenho saudades do big brother, da quinta das celebridades e afins...
De facto, dir-se-ia superiormente orquestrada esta transição entre reality shows e campanha para as presidenciais... a diversão nunca pára!
15 minutos em frente ao ecrã providenciam entretenimento suficiente (na perspectiva de nos comecarmos a rir sozinhos de cada vez que nos lembramos de determinada peça) para várias horas aplicadas posteriormente no desenvolvimento de algo realmente produtivo.
É hilariante assistir às peripécias do Velhote Soares (e as suas fintas à senilidade), do Professor Silva (e o seu silencio mordaz), do Poeta Alegre (e a sua desorientação evidente), do Revolucionário Louçã (desconcertado com a sua própria falta de opções), do Operário Sousa (e a sua nova cassette de ideias velhas) e - last but not least - o Advogado Pereira (e a sua total ausência de representatividade).
À sua volta movimentam multidões sedentas de mais e mais e mais espectáculo. Enquanto não começa o próximo big brother e não se podem empurrar para aparecer nos ecrãs com um cartaz a dizer: "Márcia és a maior", ou "Felizberto, Alguidares de Baixo está contigo" em frente à casa da Venda-do-Pinheiro, vão-se empurrando para aparecer nos mesmos ecrãs, desta feita com um cachecol de uma cor política herdada de família, qual cachecol do Benfica.
Voltam-se às feiras, aos mercados e aos risos amarelos. O circo dos media a "cozinhar" o resultado mais apetecível, às ordens dos senhores de gravata que vão passando cheques e fazendo insinuações relativamente aos lugares de influência que pretendem, numa qualquer "empresa privada com capitais públicos" (alguém me explique isto, p.f.).
Eu rio-me das bandeirinhas e dos balões coloridos; dos beijos em buços de peixeiras e da falta de jeito para dançar música pimba; dos almoços em pratos de plástico e das mentiras ditas em tom de verdade.
Quem ri com o desespero do povo, que, sem outra solução, olha para as eleições presidenciais como a última oportunidade para sair do impasse nacional? Esses tem os bolsos cheios...
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