21 julho 2008

as cores da infâmia

«O que mais alegrava Ossama era contemplar o caos. De cotovelos apoiados no corrimão da passagem aérea cujos pilares metálicos rodeavam a praça Tahrir, ruminava ideias atrevidamente contrárias aos discursos propagados pelos pensadores oficiais, os quais garantiam que a perenidade de um país estava subordinada à ordem. O espectáculo que tinha diante dos olhos condenava sem apelo essa afirmação imbecil. Desde há algum tempo que aquela construção, imaginada por engenheiros humanistas para evitar aos infelizes peões os perigos da rua, lhe servia de observatório panorâmico, reforçando a sua íntima convicção de que o mundo poderia continuar indefinidamente a viver na desordem e na anarquia.»

As cores da infâmia, Albert Cossery


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